segunda-feira, 13 de junho de 2011

 ARTE & TERAPIA: TERRITÓRIOS INTERCOMUNICANTES
DA COSTA, Robson Xavier[1]

Refletir sobre interrelações entre áreas do conhecimento é sempre um desafio, essa é a proposta da temática do V Encontro Paraibano de Arteterapia – EPA, promovido pelo Grupo de Pesquisa em Arteterapia e Educação em Artes Visuais – GPAEAV - da Universidade Federal da Paraíba em 2011. Partimos do pressuposto que cada área semântica constrói em torno de si mesma um campo expandido de conhecimentos, sua própria territorialização, condição sine qua non para sua existência com área autônoma, esse território, compreende variáveis amplas, que excedem o espaço físico, adentrando pelos jogos de poder (FOUCAULT, 2008), e pela estruturação de um campo simbólico (BOURDIEU, 2005). Essas estruturas são estabelecidas por meio dos códigos e jogos de linguagens, tanto a Arte como a Terapia lidam com práticas diferenciadas de linguagens.
A Arte como um termo amplo, transita entre a construção e desconstrução de territorialidades, ou seja, a multiterritorialidade, prática e discurso legitimado pelo sistema de arte e o mercado. O próprio processo de subversão do discurso instituído e institucionalizado apresenta-se como meio propício a contestação artística que gera novas territorialidades.
O campo semântico do discurso sobre e para a arte é parte de um mecanismo complexo de legitimação e manutenção do status da área autônoma em seu território, o mesmo ocorre com a grande área intitulada terapia, nesse caso, especificamente, as “terapias expressivas”. Os discursos produzidos são sempre emitidos e mantidos por especialistas, no caso da Arte, pelos críticos, curadores, pesquisadores, artistas, historiadores e instituições (museus, galerias, etc.) e na Terapia pelos teóricos, pesquisadores, terapeutas e pelas diversas abordagens acadêmicas. Nos dois campos de conhecimento predominam as práticas plurais, com inúmeros caminhos possíveis para a abordagem de um mesmo conteúdo.
A preocupação com o pluralismo cultural, a multiculturalidade, o interculturalismo, nos leva necessariamente a considerar e respeitar as diferenças, evitando uma pasteurização homogeneizante (BARBOSA, 2003, p. 1).
Os dois campos lidam com um objeto em potencial que é o ser humano, e necessitam observá-lo de maneira integral, respeitando as diferenças étnicas, religiosas, culturais, sexuais, permitindo a concepção de processos pessoais e/ou coletivos diferenciados, que possibilitem o entendimento das relações entre as pessoas e o mundo, e o enfrentamento da sua condição como ser humano que necessita expressar-se, conhecer-se, organizar-se diante das exigências do meio, como forma de (re)construir, (re)significar, (re)conhecer e apreciar o mundo que o cerca.
A aproximação das duas áreas na prática do setting terapêutico possibilita o desbloqueio do potencial criativo dos indivíduos, dinamizando processos de produção/contextualização expressivos, provocando rasgos, rupturas na malha do sistema, fazendo eclodir as singularidades, estruturando caminhos de empoderamento e auto-afirmação social.
A junção dos conhecimentos gerados pelas duas grandes áreas, no novo campo semântico “Arteterapia”, pode desencadear mecanismos para o enfrentamento de questões comuns no cotidiano contemporâneo, como a solidão, a depressão, as doenças psicossomáticas, as fobias, etc. questões presentes, principalmente, no universo urbano agravadas pela desumanização das relações entre as pessoas.
 Em pleno século XXI é urgente a necessidade de discutir práticas e teorias que sejam transdisciplinares, permitindo o respeito às especificidades das áreas envolvidas, tratando o conhecimento como algo relativo ao humano, que perpassa por áreas diversas. Desta forma o GPAEAV/UFPB/CNPq lança o desafio, discutir a aproximação entre áreas, favorecendo o estabelecimento de redes ampliadas de conhecimento, que objetivam sempre a compreensão das relações dos seres humanos consigo mesmo, com o outro e com o meio onde vivem.
O tema do V EPA convida a todos os pesquisadores, estudantes, profissionais e interessados para dividir suas práticas e conhecimentos sobre os processos artísticos e sua aproximação com o universo terapêutico, objetivando criar um painel complexo, um mosaico de saberes, demonstrando reflexões sobre a diversidade da práxis humana. Arrisque-se, deixe-se envolver nesses territórios intercomunicantes.

REFERÊNCIAS
BARBOSA, A. M. Arte: perspectivas multiculturais. Disponível em: www.tvebrasil.com.br/salto/cronograma2003/mee/meeimp.htm. Acesso em: 20.06.2011.

BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. Introdução, organização e seleção de textos por Sérgio Miceli. 6ª ed. São Paulo: Perspectiva, 2005.

DA COSTA, Robson Xavier (Org.). Arteterapia & Educação Inclusiva: diálogo multidisciplinar. Rio de Janeiro: WAK, 2010.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Organização e tradução de Roberto Machado. 25ª ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2008.


[1] Artista Visual, Arte/Educador e Arteterapeuta. Doutorando em Arquitetura e Urbanismo pelo PPGAU/UFRN/Brasil e Bolsista Erasmus Mundus pela EA/UMinho/Portugal. Mestre em História PPGH/UFPB e Prof. do Departamento de Artes Visuais da UFPB, João Pessoa – PB – Brasil.  Líder do GPAEAV/UFPB/CNPq. E-mail: robsonxcosta@yahoo.com.br.





O GPAEAV


 O V Encontro Paraibano de Arteterapia é uma realização do Grupo de Pesquisa em Arteterapia e Educação em Artes Visuais – GPAEAV/UFPB/CNPq.  O GPAEAV é um grupo de estudos e pesquisas do Departamento de Artes Visuais da Universidade Federal da Paraíba, criado pelo Prof. Robson Xavier no ano de 2005 como Grupo de Estudos e Pesquisas em Arteterapia - EPA/UFPB, tendo sido posteriormente ampliado e credenciado junto ao CNPq em 2009, tendo como atuais líderes o Prof. Robson Xavier da Costa e a Profª Lívia Marques Carvalho  e como Coordenadora em exercício Rosangela Xavier da Costa. 

Email: 5encontroarteterapia@gmail.com
Twitter: @5encontro -  http://twitter.com/5encontro


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